Embora este acordo assinado pelos nossos governantes juntamente com os do Brasil e outros países de língua lusófona (Moçambique, Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné/Bissau e mais tarde Timor Leste) já tenha mais de dez anos (foi, se estou correcto, firmado no ano de 1990) com o principal objectivo de se unificar o português usado por todo esses países.
O certo, e não me chamem de “Bota-de-elástico” ou “individualista”, que até nem sou, todos nós temos que, abruptamente, embora houvesse uma década como período de adaptação, a maioria dos nossos conterrâneos com que tenho socializado ao longo destes tempos, não aprovam a introdução de “amalgamação” deste género, sem que nós, POVO, tivéssemos sido consultados previamente ou até por um plebiscito.
Agora, confesso, ando numa “marafona” quando leio os matutinos da nossa terra e os “P” e os “V” desaparecem como no “Baptismo” que é agora “Batismo” e o “Victor” já não o é, perdão é mas virou “Vitor”.
Quando estudei inglês na escola, muitos anos atrás, aprendi que as perguntas eram com o verbo “To Have”, na Inglaterra que é a “mãe” da língua inglesa, e não como o “Tio Sam” dos americanos que usam o “To Do” para tudo o que se faz, escrever e falar, por estas bandas do Continente Norte Americano. Dizia-se então “Have you…” e não “Do you Have….”. Isto tudo para mostrar ao nosso prezado leitor que a nação inglesa não “seguiu” o exemplo (mau, obviamente) dos americanos e canadianos cujas populações ultrapassam os 250 milhões contra 50 da Inglaterra.
Mas a saga não fica por aqui e nem os hífens que na escrita agora estão a mais e desta forma mais facilmente nos referimos ao cor-de-rosa como seja a cor da rosa e o cu-de-judas como o cu do judas. E mais boquiabertos fico se formos para a linguagem brasileira, desculpem, do português do Brasil, onde a mutação se fez sentir drasticamente há muito pois não sei se é de “facto” ou simplesmente de “fato”, ou se deixe o “H”, na palavra “homossexual” ou simplesmente se o devemos remover e ficar simplesmente “omossexual” (o acto sexual do detergente Omo). São palavras que nos dão de imediato sinónimos diferentes.
Já tivemos, num passado recente, até um debate na Galeria Alberto de Castro na Casa do Alentejo de Toronto, com um painel liderado por pessoas eruditas na matéria e que ao fim e ao cabo fiquei mais confuso com os argumentos e explicações para os mesmos após o término das discussões entre os presentes e a mesa presidida por doutores e entendidos. E aqui é que tenho uma que me ficou “atravessada” na garganta quando uma doutora (não sei se tinha o Phd ou outro equivalente) respondeu que “estas alterações são muito benéficas para as editoras e os escritores portugueses pois poderão vender mais livros no grande mercado brasileiro por a escrita ser “mais acessível” aos leitores dum país que tem 20 vezes mais a população de Portugal….”. Agora é que as editoras portuguesas vão vender livros às carradas naquele mercado de leitores com a simplicidade da língua escrita. Olá se vão. Falou-se na fonética dos com “Cês” e dos sem “Cês” e assim sucessivamente pelo que as regras tinham forçosamente se serem alteradas. Tudo só porque, sendo a mesma palavra e som é ligeiramente o mesmo ou seja “Contacto” e “Adopção” que agora é “Contato” e “Adoção” (esta talvez do verbo Adoçar). E já que se anda a poupar em tudo – na electricidade, gás, gasolina, dinheiro, pensões, medicina e outras tantas coisas mais – o certo que alguém muito erudito, mesmo muito, se lembrou, e levou avante outra “modalidade na dita moda” das regras gramaticais fossem também formadas novamente, ou inventadas, para também se “poupar” na nossa língua, não na falada obviamente mas na sua escrita e na tinta da esferográfica ou na tinta da impressora que a supressão desses “C”, “P”, “H” (de pharmácia), etc, e dos “Hífens”, irão causar. Vai ser um paupanço de gritos. Vai mesmo dar, ao fim de cinco anos de escrita, bastante massa e seus juros, para se comprar um “Mercedes”.
Deus do Céu volta o mais depressa possível antes que o Português desapareça duma vez para sempre e apenas, e apenas, fique o Brasileirês ou outra coisa acabada e “ÊS”.
Assim digo que sou do “CONTRA” (contra tudo) e desta forma, já que o meu avô materno foi marinheiro de carreira da Armada Portuguesa estive por um triz para ir estagiar para a fragata de D. Fernando (uma espécie de Pupilos do Exército) e ali estudar. Se isso tivesse acontecido seria hoje um notável CONTRA-Almirante e, como sou neste momento, e sempre fui desde muito novo, por opção, obviamente, um dedicado CONTRA o fascismo e ditaduras.
Dizia o nosso saudoso e grande escritor e poeta Fernando Pessoa que “minha língua é a minha pátria” e assim, com isto tudo acontecer, fico a pensar, cá com os meus botões, que estou a ficar sem PÁTRIA.
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